Protocolo de Reabilitação de Reparo do Manguito Rotador por via Artroscópica
Esse protocolo deve sofrer alterações nos casos de reparos que envolvem múltiplos tendões, assim como, em lesões combinadas (SLAP e Bankart, por exemplo)
Fase 1: Mobilização Passiva Protegida (1º dia de Pós-operatório até 6ª semana)
Objetivos e Conduta Geral
-
Educação sobre o uso da tipóia e movimentos limitados
-
Controle da dor e do processo inflamatório
-
Proteção do reparo
-
Exercícios com atividade eletromiográfica ≤ 15% da Contração Voluntária Máxima (CVM)
-
Dor máxima de 3 ao término dessa fase
-
Manutenção da mobilidade passiva do ombro dentro de uma amplitude segura:
2ª semana de P.O.: 60 – 90º de flexão passiva e 0 – 20º de rotação lateral passiva em
20º de abdução
6ª semana de P.O: 90 – 120º de flexão passiva e 20 – 30º de rotação lateral passiva
em 20º de abdução
OBS: Movimentação ativa somente é permitida nas articulações do cotovelo e punho
Conduta Específica
-
Exercícios pendulares
-
Flexão passiva assistida pelo terapeuta

-
Flexão passiva assistida pelo membro contralateral

-
Flexão passiva por meio da inclinação anterior do tronco

-
Rotação lateral passiva em 20º de abdução assistida pelo terapeuta
-
Rotação lateral passiva em 20º de abdução assistida pelo pelo membro contralateral

Fase 2: Mobilização Ativa-Assistida e Ativa (7 – 12ª semana de Pós-operatório)
Objetivos e Conduta Geral
-
Educação sobre o processo de cicatrização
-
Proteção do reparo (força do reparo é de 19-30% em 6 semanas e 29-50% em 12 semanas)
-
Exercícios com atividade eletromiográfica entre 16-29% da CVM
-
Iniciar contrações isométricas submáximas para os rotadores laterais em diferentes ângulos de elevação
-
Iniciar exercícios ativos com posturas que minimizam a ação da gravidade e que possuem pequeno braço de alavanca
-
Alcançar mobilidade passiva completa ao término dessa fase
9ª semana de P.O.: 130-155º de flexão passiva, 30 - 45º de rotação lateral passiva em
20º de abdução e 45-60º de rotação lateral passiva em 90º de abdução
12ª semana de P.O: Amplitude passiva dentro da normalidade. Mínimo de 150º de
flexão passiva, 40º de rotação lateral passiva em 20º de abdução e 75º de rotação
lateral passiva em 90º de abdução
-
Alcançar mobilidade ativa completa ao término dessa fase
9ª semana de P.O.: 80 - 120º de flexão ativa
12ª semana de P.O: Amplitude ativa de flexão dentro da normalidade. Mínimo de 130º
Conduta Específica
-
Evolução dos exercícios passivos com adição de alongamentos suaves conforme necessidade individual


-
Contração isométrica submáxima dos rotadores laterais

-
Exercícios ativos de elevação com minimização da ação da gravidade e redução do braço de alavanca



-
Exercícios ativos-assistidos com polia e bastão


Fase 3: Mobilização Ativa-Assistida e Ativa (10 – 12ª semana de Pós-operatório)
Objetivos e Conduta Geral
-
Uma vez que o paciente melhore a capacidade de elevar ativamente o membro superior na posição ortostática, exercícios isotônicos com baixa carga são iniciados
-
Utilização de no máximo 1 kg e faixas elásticas de baixa resistência
-
Estar atento a padrões de movimentos bizarros (shrug escapular, por exemplo)
-
Iniciar atividades leves de descarga de peso (facilitação do manguito rotador)
Conduta Específica
-
Exercícios Isotônicos leves para o manguito rotador


-
Exercícios Isotônicos leves para os músculos escapulotorácicos


Fase 4: Resistência Muscular (13 - 20ª semana de Pós-operatório)
Objetivos e Conduta Geral
-
Acredita-se que por volta da 16ª semana a cicatrização esteja matura
-
Exercícios com atividade EMG entre 30 - 49% da CVM
-
Progredir a carga dos exercícios citados anteriormente e evoluir os exercícios com descarga do peso corporal
-
Exercícios caracterizam-se por maior número de repetições (15–20 rep.) e menor carga
-
A maioria dos pacientes receberá alta ao término dessa fase
Conduta Específica
-
Exercícios Isotônicos de elevação até 90º no plano da escápula

-
Exercícios Isotônicos de elevação no plano da escápula e rotação lateral em 90º de abdução em decúbito ventral

-
Evolução de exercícios com descarga do peso corporal



Fase 5: Força Muscular (20ª semana de Pós-operatório até a alta)
Objetivos e Conduta Geral
-
Fase destinada a atletas ou profissionais que trabalham com levantamento de peso e realizam gesto de arremesso
-
Ênfase deve ser dada ao ganho de força muscular e controle sensório-motor
-
Para atletas arremessadores, o gesto esportivo é treinado
-
Ênfase deve ser dada aos exercícios pliométricos e treinamento excêntrico
Protocolo desenvolvido pelo Prof. Dr. Rodrigo de Marche Baldon. Fisioterapeuta formado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde também concluiu seu Mestrado e Doutorado em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia. Possui especialização em Fisioterapia Esportiva pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Possui experiência internacional (Fellow na University of Pittsburgh) e publicação de inúmeros artigos científicos nas revistas internacionais mais renomadas da área de fisioterapia. Atualmente ministra aulas em cursos de pós-graduação em fisioterapia e realiza atendimento diário na Clínica Orthus (Av. Rondon Pacheco, 381) em Uberlândia.
Referência:
Thigpen CA, Shaffer MA, Gaunt BW, Leggin BG, Williams GR, Wilcox RB. The American Society of Shoulder and Elbow Therapists' consensus statement on rehabilitation following arthroscopic rotator cuff repair. J Shoulder Elbow Surg. 2016 Apr;25(4):521-35. doi: 10.1016/j.jse.2015.12.018.